Como se diagnostica?
Os profissionais que lidam com crianças disfluentes questionam-se com reiteração em como distinguir as manifestações clínicas próprias da gaguez daquelas que são comuns e que geralmente são detetadas no decorrer do desenvolvimento da fala e da linguagem.
Por volta dos dois até aos seis anos de idade as crianças passam por uma etapa do desenvolvimento chamada “disfluência fisiológica”. Estes problemas na articulação da fala costumam a aparecer uma vez que as crianças tendem a formar frases maiores e mais elaboradas e ocorre a aquisição de habilidades complexas e necessárias para organizar a linguagem e consequentemente utilizá-la em situações sociais. As disfluências ocorrem sobretudo nesta fase da infância dado que existem muitas ideias, pensamentos e factos a serem narrados mas não há o domínio completo da língua, e o vocabulário é bastante restrito. Usa-se o termo disfluência para caracterizar as quebras no fluxo da fala.
O diagnóstico diferencial é o processo para distinguir dois distúrbios de aparência semelhante. Neste caso esse diagnóstico está direcionado para a distinção entre a gaguez e outros distúrbios da fala. É necessário analisar detalhadamente a origem, a caracterização e o desenvolvimento dos sinais e sintomas para se chegar a uma conclusão. Os distúrbios que mais frequentemente podem se confundir com a gaguez são:
Fala rápida
Disfonia espasmódica
A disfonia espasmódica é um distúrbio de voz em que ocorrem contrações involuntárias nos músculos da laringe.
Tiques
Tiques são movimentos rápidos, abruptos, repetitivos e sem propósito, que ocorrem em virtude de uma disfunção nos núcleos da base.
O diagnóstico diferencial não é um processo simples mas é muito importante que seja feito precocemente já que a gaguez pode em alguns casos agravar ou mesmo evoluir e tornar-se uma doença crónica. Este diagnóstico deverá ser feito por um terapeuta da fala. O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita mas também outras formas de comunicação não-verbal. É também responsável pelo aperfeiçoamento da função auditiva periférica e central, da fluência e dos sistemas mio funcional, oro facial, cervical e de deglutição.
Infelizmente, ainda não existe um padrão mundialmente utilizado para o diagnóstico da gaguez. Contudo, normalmente o diagnóstico é realizado por meio da contagem do número de ruturas na fala num intervalo de tempo, do levantamento dos tipos de disfluências que estão na fala, análise do ritmo e da naturalidade da fala e observação da tensão e movimentos associados. Além disso são também considerados tantos os historiais familiares como os médicos. A gaguez é um distúrbio quantificável. O diagnóstico diferencial está associado a três tipos de gaguez: A “disfluência fisiológica” que como já referi ocorre numa fase da infância prematura; A gaguez leve, que apresenta sintomas muito semelhantes à disfluencia fisiológica mas que o nível de repetições é muito mais frequente; Outro sinal de gaguez leve é o aumento da persistência de disfluências e tende a aparecer mais regularmente; As crianças com gaguez grave geralmente mostram sinais de tremores, aumento da tensão física, e tentativas de esconder e evitar falar. Em alguns casos, a gaguez grave aparece já depois das crianças terem sofrido gaguez leve ao longo de meses ou anos.
Para existir um bom diagnóstico por parte do profissional é necessário que este verifique se o individuo apresenta os sintomas comuns típicos da gaguez: Inicialmente caracteriza-se por uma repetição de certas consoantes (k,g,t), mas se agravar pode existir a repetições de palavras e frases. Pausas ou hesitações no início ou durante as orações são também sintomas comuns na gaguez. Comportamentos secundários como o piscar de olhos, movimentos involuntários da cabeça ou de outras partes do corpo e o movimento espasmódico da mandíbula são abordagens aprendidas para minimizar a severidade da gaguez e pode levar ao aumento do medo de falar e do constrangimento.
